13 de fevereiro de 2008

O Vizinho Gordo

Hm. Fome. Acho que vou comer. Tem macarrão no armário. Mas não tem molho. Tem pão francês de ontem e maionese. Mas ele deve tá duro. Ou mofado. Pizza? Não. Não quero gastar. O chocolate acabou. Tem lasanha congelada. Mas é pro almoço de amanhã. Se eu almoçar na rua... Um cachorro-quente no tiozinho da esquina do trabalho. Mas eu não quero gastar. Mas cachorro-quente é barato. Mas eu não como de pé. Ou andando. Incomoda. Então, na lanchonete da esquina da rua de trás. Lá tem uma tvzinha barulhenta, até. E tem uma garçonete gostosa. Eu comeria ela. Comeria a moça do caixa também. Ela é muito magra, mas quem liga. O dono da lanchonete deve comer as duas. Japonês safado. Nem catchup ele coloca no balcão. Odeio sachês. Odeio aquela tvzinha barulhenta. Odeio aquele lugar. Amanhã, vou comprar uns biscoitos e correr pra casa. E sofrer de gastrite a tarde inteira. Quase onze horas, agora. Preciso tomar banho ainda. Acordo mais cedo amanhã e tomo. Hoje eu só jogo uma água no corpo. Eu posso almoçar na minha mãe. Ela pode me dar algum dinheiro. Aí eu vou ao mercado. Faz duas semanas que acabou o queijo. E a cerveja. Ou eu pago o pedreiro. E compro mais cimento pra reforma. Ele deve comer concreto no almoço. Aquele vagabundo. Sempre tá faltando cal, tijolo, arame. Pinguço. Ladrão. Se a minha mãe não morasse tão longe. Se eu for lá, chego atrasado no serviço. O trânsito é foda. E a velha reclama demais. Não tô a fim de ouvir as merdas dela. O queijo, o pedreiro, e a minha mãe esperam até o domingo. Se fosse na época da escola, era só roubar o lanche de algum moleque mais novo. Já era. Hm. Sono. E então. Como ou não como? Se eu for dormir, durmo com fome. Mas dormindo eu nem percebo. Só que acordo com o estômago no chão. Aí eu como o pão de ontem. Com maionese. E almoço lasanha. Em casa. É. É isso.

0 comentários: