16 de fevereiro de 2008

Cão de Lata Atada ao Rabo

Ano Machado de Assis. Todo mundo sabe. Todo mundo prestigiará à sua maneira. A Flip vai homenageá-lo. Editoras vão lançar edições modernas e comentadas dos seus livros. Os jornais publicam artigos, crônicas, blablablá. Escolas vão forçar seus alunos a ler seus romances para passar de ano. E muita gente vai tirar algum livro do Machado da prateleira, nem que seja para folhear. Eu pretendo ler Helena, Brás Cubas, Quincas Borba e Memorial de Aires. Inéditos.

Não vou fazer comentário algum sobre a genialidade, o estilo, ou o corte de cabelo do Machado de Assis. Vou estrear o Ano com um poema que surgiu essa semana, baseado num conto que eu gosto muito — Cão de Lata ao Rabo —, e que me dava muita vontade de escrever algo sobre; dando ao mote, minhas voltas. O título está no nome da postagem.


Cão de lata atada ao rabo
se alegra com a evolução tecnológica dos produtos alimentícios.

Hoje, a lata de óleo não é mais lata,
é frasco de plástico;
molho de tomate agora imita
requeijão — que vem num copo.

E, daqui pra frente, cada vez mais,
azeite, goiabada, figo em conserva, refrigerante, cerveja, etc.
serão embalados e distribuídos
em copos, frascos, potes, garrafas e vasilhas
de vidro ou plástico.

Então, quando a lata no rabo do cão
se desatar,
será mais difícil encontrarem outra
que a possa substituir.

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