11 de abril de 2008

Lis

mote

na fumaça do cigarro
vem a ponta esbranquiçada
do desejo de ser leve


voltas

Numa quinta-feira, à noite,
de um inverno congelante,
encostada na parede
de um barzinho badalado,
ela acende o isqueiro e esquenta
todo o rosto, que se espalha
na fumaça do cigarro.

Fuma a tragos demorados,
distraída, com um jeito
todo seu de ser blasé;
séria, devolve as cantadas
com o olhar esbraseado
do desprezo, e do sarcasmo
vem a ponta esbranquiçada.

Ela quer apenas ser
como a fumaça que foge
livre, dispersa pelo ar,
pela noite, para sempre...
Então, dá a última tragada
e enche o peito oprimido
do desejo de ser leve.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vale a pena mesmo ler. ótimos textos. Sempre uma surpresa visitar seu blog...

Beijos!!!

kelner disse...

Adorei o poema. Poemas que me dão a oportunidade de visualizar algo, que é sensorial, me agradam muito. A fumaça, o barzinho, a noite fria; poderia pintar um a tela com esse mote. Ótimo poema. Um abraço.

gustavo disse...

Simone,
=**


Kelner,
como vai? espero que bem! Foi muito gostoso escrever esse poema, apesar de ter algumas arestas que nem sei se dá pra consertar... [suspiro] uahuahuaha
o charme aqui é a visualidade, como vc mesmo disse, apesar do descarado apelo sentimental (pro bem ou pro mal) da situação psicológica da menina. enfim...

gustavo disse...

ps: talvez pra quem leu, o apelo foi bom, pena que não pra mim. ^^